terça-feira, 21 de julho de 2009

Morte por bala perdida supera 2008

O número de pessoas mortas por balas perdidas no Estado do Rio de Janeiro este ano já supera o registrado oficialmente em todo o ano passado pela Secretaria de Segurança Pública.

Um levantamento feito pelo JB com base em casos que vieram a público revela que, em sete meses incompletos em 2009, houve pelo menos 18 vítimas fatais. Em 2008, o Instituto de Segurança Pública (ISP) informou 16 mortes.

A Secretaria de Segurança informou que só tem computados os números de janeiro a março, que indicam apenas três óbitos por balas perdidas.

A última vítima foi William Moreira da Silva, de 11 anos. Na tarde deste domingo, ele soltava pipa em uma fábrica no Morro do Chaves, em Barros Filho (subúrbio) quando foi atingido na cabeça. Moradores acusaram PMs de entrarem na favela atirando. A corporação nega. Ele foi a quarta morte só este mês.

Dos 18 casos computados pelo JB, sete deles se trataram de crianças ou adolescentes com menos de 15 anos. Uma destas vítimas, por exemplo, Marta Cristina da Silva, de 14 anos, estava grávida de quatro meses quando foi morta, em fevereiro, durante tiroteio no Engenho da Rainha.

Alguns casos continuam sem solução. Um deles é o da estudante Juliana Chaves Lins da Silva, de apenas 14 anos. No início de fevereiro, ela foi atingida na cabeça por um tiro de fuzil quando estava dentro da quadra da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, em Ra mos. A investigação ainda não foi concluída mas policiais acreditam que não descobrirão a autoria.

Permanece indefinida também a morte da universitária Taiane Monteiro de Lima, 21 anos. Ela morreu em abril, após ser baleada quando estava em um churrasco na Saúde (zona portuária). A polícia informou que a bala teria vindo do Morro da Providência, mas os depoimentos não trouxeram nenhuma evidência sobre a autoria.

Para a socióloga Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), esse aumento no número de casos ocorre porque não existe uma cultura dentro da polícia de que o mais importante durante uma ação é proteger a vida e não de prender um criminoso.

– Os policiais vão ávidos para a rua combater o crime e esquecem que o mais importante é a vida. E, em sua maioria, são policiais de bem – opinou.

Silvia declarou que os bandidos são incontroláveis mas que, em relação aos policiais, há condições de controlar os excessos.

– Não há controle sobre os bandidos. As pessoas já sabem o que eles fazem. Já quanto aos policiais, há medo quando não estão e quando estão.

Dos 18 casos computados pelo JB, em ao menos sete, havia confrontos entre policiais e criminosos. Dezesseis mortes aconteceram na capital, uma em Volta Redonda e outra em São Gonçalo. No Rio, 13 foram nas Zona Norte e Oeste e três na região central da cidade.

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