terça-feira, 21 de julho de 2009

Fornecedora diz que só enviou plástico a empresa de brasileiro


A empresa britânica de coleta de lixo Hills Waste Solutions Limited afirmou nesta segunda-feira que forneceu apenas plástico para reciclagem à companhia acusada pelo Ibama de enviar os contêineres contendo lixo com material tóxico ao Brasil.

A Polícia Federal está investigando a origem de 89 contêineres que foram encontrados nos portos de Santos (SP), Rio Grande (RS) e na alfândega de Caxias do Sul (RS) com centenas de toneladas de lixo. Entre o material encontrado, estariam pilhas, seringas, camisinhas e fraldas usadas.

Na semana passada, o Ibama havia dito que estuda alguma sanção internacional contra duas empresas britânicas acusadas de exportação do material para o Brasil - a Worldwide Biorecyclables e a UK Multiplas Recycling.

Um dos diretores das duas empresas, o brasileiro Julio da Costa, disse à BBC Brasil na sexta-feira que elas faziam apenas a prensagem do plástico recolhido por fornecedoras britânicas, entre elas a Hills Waste Solutions Limited.

Costa disse que a responsabilidade por qualquer outro material que tenha chegado ao Brasil seria da Hills e das demais fornecedoras. A Hills afirma que caberia à empresa de Costa a triagem para separar qualquer material plástico inadequado para reciclagem.

"Apenas plástico"
A Hills Waste Solutions afirma que realizou uma parceria em julho do ano passado, em caráter de teste, com o condado de Wiltshire, na Inglaterra, e a Worldwide Biorecyclables para coletar plástico para reciclagem e reprocessamento.

"O teste foi suspenso em março de 2009, quando a Worldwide Biorecyclables parou de operar", afirma uma nota divulgada pela Hills. "Durante os testes, cerca de 700 t de plástico rígido depositado pela população nos centros de reciclagem, foram enviados à Worldwide Biorecyclables (...) em Swindon."

A fornecedora britânica diz que, durante o teste, funcionários treinados orientaram as pessoas sobre como depositar corretamente o lixo plástico nas caçambas de reciclagem. "O plástico rígido coletado nos centros era transportado para a Worldwide Biorecyclable para triagem, compactação e prensagem."

"A Hills Waste Solutions forneceu apenas plástico rígido para reciclagem e reprocessamento à Worldwide Biorecyclables. A Hills Waste Solutions forneceu caçambas especiais à Worldwide Biorecyclables para que ela devolvesse qualquer lixo plástico que não fosse apropriado."

A Hills diz que o material prensado foi então enviado pela Worldwide Biorecyclables para o Brasil.

"Faxineiro"
Julio da Costa disse à BBC Brasil na sexta-feira que os contêineres que foram enviados ao Brasil acabaram levando à falência suas duas empresas - a Worldwide Recyclables e a Uk Multiplas Recycling. Ele diz que, por não ter recebido pagamento da empresa brasileira que comprou os contêineres, teve de fechar suas empresas.

Em contato com a BBC Brasil no fim de semana, Costa disse que está trabalhando como "cleaner" (faxineiro), sua profissão anterior à abertura das empresas. Ele voltou a acusar as fornecedoras britânicas. "O lixo que foi no meio (dos contêineres) não foi de propósito, mas sim um descuido das empresas que nos forneceram, e com certeza as autoridades vão apurar", afirmou.

O governo britânico abriu uma investigação sobre o caso. A agência ambiental do governo britânico disse nesta segunda-feira que está aguardando mais informações sobre os contêineres por parte do governo brasileiro, por meio da embaixada britânica no Brasil.

O governo britânico estuda a possibilidade de pagar pelo repatriamento dos contêineres com lixo.

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