quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Windows 7: agora vai!

Para um sistema operacional que levou cinco anos para ficar pronto, a reputação do Windows Vista foi por água abaixo rápido demais. Nunca desde o Microsoft Bob um produto da gigante de Redmond foi motivo de tanta chacota. Não são todas as empresas que vivem para ver o dia em que seus clientes pedem, imploram e assinam petições online para o retorno de uma versão anterior de seu principal produto.

Uma coisa é certa: a Microsoft não vai levar cinco anos para produzir o próximo Windows. A empresa quer deixar o Vista no passado o mais rápido possível. De fato, a próxima versão do Windows está quase pronta. Se chama Windows 7, e uma versão beta (protótipo para testes) em inglês, surpreendentemente estável e bem-acabada, está disponível para download gratuito até o dia 10 de fevereiro no site da Microsoft.

O novo sistema tem aparência e comportamento muito similares ao Windows Vista. De fato, parece que o lema da Microsoft para o Windows 7 é “Vista, consertado”.

Se você perguntar ao público o que ele não gosta no Vista (como fiz usando o Twitter na semana passada), vai receber um conjunto de respostas bastante homogêneo. Esta lista de picuinhas acaba sendo um bom ponto de partida para saber o que esperar do Windows Vista, que deve chegar ao mercado em cerca de um ano.

“É reclamão e intrusivo”. O Windows Vista vive jogando na tela balõezinhos e alertas, fazendo você implorar para que o sistema o deixe em paz. Muitas destas mensagens vem do odiado UAC (User Access Control), um recurso que foi criado para alertar sobre tentativas de instalação de vírus e spyware que, de outra forma, poderiam passar desapercebidas.

O problema é que o UAC é paranóico, exigindo seu nome de usuário e senha mesmo quando você está fazendo mudanças inocentes, como acertar a hora do computador. No Windows 7 você pode mandar o UAC “pegar leve”: dá pra eliminar os avisos, por exemplo, sempre que as mudanças estiverem sendo feitas pelo próprio usuário.

Além disso, o Windows 7 fecha a matraca com muito mais frequência. Dez categorias de alertas de baixa urgência não aparecem mais como balõezinhos na barra de tarefas: agora eles são consolidados em um novo painel de controle batizado de “Action Center”. Um ícone com uma bandeirinha aparece na bandeja do sistema para avisá-lo de que há novas coisas lá que necessitam de sua atenção.

“O Vista é lento”. A Microsoft realmente entendeu o recado. Mesmo na versão de testes, dá pra perceber que muitas coisas estão mais rápidas: o boot (40 segundos em minhas três máquinas de testes), desligar o micro, reconectar-se a uma rede sem fios, copiar arquivos e plugar pendrives, por exemplo. Não é nenhum Windows XP, mas mesmo ainda tendo meses de ajustes finos pela frente, o sete é ligeiro.

“É fominha demais”. A Microsoft pretende que o Windows 7 tenha os mesmos requisitos de sistema que o Windows Vista (processador de 1 Gigahertz, 1 Gigabyte de RAM, etc...). Mas desta vez menos pessoas terão que comprar PCs novos para rodá-lo, porque três anos já se passaram e hardware que era “topo de linha” e caro na época do Vista agora está acessível às massas. Haverá menos pessoas tentando instalar o novo Windows em máquinas da geração de 2003. O Windows 7 também deverá ser mais esbelto. O guia de análise diz: “O consumo de memória foi reduzido em centenas de lugares”.

“Não é compatível”. Uma boa parte de todos os problemas com o Vista envolvia drivers e software incompatíveis. Não há dor de cabeça maior que atualizar o sistema de seu PC e descobrir que você não pode mais usar sua impressora, seu scanner ou aquele programa favorito.

Mesmo de acordo com a própria Microsoft, apenas 2.800 programas foram certificados para trabalhar com o Vista até agora. De dezenas de milhares disponíveis. Como diz a Microsoft, “Se funciona com o Windows Vista, vai funcionar com o Windows 7”. Não é o ideal, mas o que mais ela pode fazer?

“É confuso”. No Vista, um monte de coisas mudaram de lugar ou de nome, frequentemente sem um propósito claro. E há mais disso no Windows 7. Entre outras mudanças, as pastas Pictures (Imagens), Documents (Documentos) e Movies (Vídeos) foram substituídas por algo muito legal – mas muito confuso – batizado de “Libraries” (Bibliotecas, numa tradução livre). São como pastas virtuais. Clique em Pictures, por exemplo, e o Windows mostra todas as imagens armazenadas em seu PC, ou mesmo na rede inteira, não importa em quais pastas elas realmente estejam.

Ah, e falando em confusão: os acessórios básicos em um sistema operacional moderno hoje em dia – e-mail, livro de endereços, calendário, álbum de fotos, editor de vídeo e programa de mensagens instantâneas – não vem com o Windows 7. A não ser que você compre seu PC de um fabricante que pré-instale estes programas, você vai ter de baixá-los por conta própria do site da Microsoft.

A Microsoft justifica a inconveniência dizendo que isso lhe permite “oferecer atualizações mais frequentes para os usuários”. Como é que é? Já viu alguém reclamar da falta de atualizações de seu programa de livro de endereços?

“As múltiplas versões me deixam tonto”. O Windows Vista é vendido em pelo menos seis versões diferentes: Home Basic, Business, Ultimate e por aí vai, cada uma com um subconjunto confuso e por vezes sem lógica de recursos. Oficialmente a Microsoft diz que ainda não definiu o esquema de versões para o Windows 7, embora um gerente de produto tenha me dito em uma conferência que provavelmente será similar ao do Windows Vista. Bem, não podemos ganhar todas.

Mas nem todos os recursos do Windows 7 foram criados para corrigir deficiências do Vista. Alguns são novinhos em folha. Por exemplo, a barra de tarefas do Windows 7 se parece e funciona de forma similar à Dock do Mac OS X: uma fileira de ícones grandes e quadrados representando seus programas favoritos, quer eles estejam abertos ou não. Ela substitui a antiga “barra de inicialização rápida”, aquela fileira de ícones do lado do Menu Iniciar. Se quiser você pode desabilitar este recurso, mas não faça isto: ele é muito legal.

Outras coisas emprestadas da Apple: papel de parede que muda sozinho a intervalos regulares, um bloquinho de recados na tela, um menu simplificado que mostra as redes sem-fio disponíveis, “Navegação privada” onde suas andanças pela web não deixam rastros no histórico do navegador e “Jump Lists”, listas de atalhos úteis que “pulam” dos ícones na barra de tarefas. E, no que a Microsoft espera que seja uma nova geração de laptops especialmente equipados, suporte a “multi-touch” como no iPhone. Ou seja, você vai poder rotacionar ou redimensionar uma imagem movendo dois ou mais dedos sobre a tela.

Há novas versões do Internet Explorer, Paint, WordPad, Calculadora, Restauração do Sistema e um programa de backup muito melhor. O Firewall do Windows agora o protege tanto de tentativas de conexão perigosas que chegam à sua máquina como contra as que que saem dela.

A Microsoft também adicionou alguns truques legais para gerenciamento de janelas. Por exemplo, você pode maximizar e minimizar uma janela apenas arrastando-a para o, ou longe do, topo da tela. Também há atalhos de teclado para facilitar a tarefa.

A autonomia de bateria em laptops deve ser melhor, graças a alterações óbvias como a capacidade de cortar a alimentação de alguns conectores quando nada estiver plugado a eles.

Os “HomeGroups” são fantásticos. Digite a mesma senha de uso único em cada computador com o Windows 7 e pronto! Uma rede doméstica automática e instantânea, sem ter de lidar com contas de usuário, permissões de acesso e afins. Cada PC pode ver as imagens, músicas, filmes e documentos do outro, além de pastas que você especificar, e também é possível compartilhar impressoras. Mesmo na versão beta, este recurso funciona feito um relógio suíço.

Outra ótima idéia nesta era de telas de resolução cada vez mais alta e olhos de meia idade com resolução cada vez mais baixa: com um clique você pode aumentar o tamanho do texto, em todos os programas, sem afetar o resto da imagem na tela.

Sei que muita gente na internet está reagindo ao Windows 7 resmungando algo como: “Quer dizer que vou ter que pagar mais US$ 150 para conseguir uma versão do Windows que funciona direito? Que tal a Microsoft me pagar pelos três anos que passei como “beta tester” do Vista?”. Eu digo que resmungar não vai deixar seu PC melhor. O Windows 7, entretanto, provavelmente vai.

Durante décadas a principal estratégia da Microsoft foi a de lançar produtos medíocres e então refinar, refinar, refinar, não importa o quanto tempo isso leve e o quanto custe, até que dê certo. É exatamente isso que faz o Windows 7 parecer tão promissor. É o Windows Vista – com uma dose cavalar de refinamento.

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