quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lula descarta ingresso na Opep e uso do FGTS na Petrobras

Em entrevista à TV 5, rede pública de televisão da França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que o Brasil não pretende ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), cartel formado pelos maiores produtores de petróleo do mundo, depois que iniciar a exploração do pré-sal. O presidente descartou ainda o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de novas ações da Petrobras

"O Brasil não tem interesse de entrar na Opep. O Brasil não quer ser exportador de óleo cru. O que nós queremos é aproveitar o pré-sal para que façamos uma grande indústria petrolífera, uma grande indústria naval e um grande pólo petroquímico", afirmou.

O presidente disse que o FGTS não deve ser usado, "nem mesmo", para que acionistas minoritários acompanhem o governo, que fará um aporte para novos investimentos da companhia, visando a explorar o pré-sal.

A entrevista será transmitida pela TV 5 neste domingo, um dia antes da chegada ao Brasil do presidente francês, Nicolas Sarkozy, marcada para segunda-feira.

Um dos principais temas do encontro entre Lula e Sarkozy será a colaboração militar. O presidente confirmou que os franceses estão no páreo para vender 36 caças Dassault Rafale à Força Aérea Brasileira, um negócio que pode ultrapassar R$ 5 bilhões.

Lula ressaltou, no entanto, que vencerá quem repassar tecnologia para o Brasil. "Não podemos comprar um caça que a gente não detenha a tecnologia. Até porque sonhamos em produzir partes desse avião", disse, numa clara referência à Embraer.

Sobre a crise internacional, o presidente fez um alerta aos países ricos, que registraram nos últimos dias números otimistas na economia. Disse que teme um retrocesso no esforço para mudar as regras do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

"O que eu não quero que aconteça é que, se a crise diminuir, as pessoas se acomodem e deixem tudo como está. Precisamos aproveitar a crise para mudar a lógica da economia mundial", advertiu.

O presidente encerrou a entrevista em clima de bom humor. Quando os franceses perguntaram sobre as chances de o País finalmente sediar os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016, respondeu: "Pela primeira vez, o Brasil está preparado para ganhar. Espero contar com o voto dos franceses, dos alemães e até conto com a compreensão do rei da Espanha".

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