Um grupo de pesquisadores liderado pelo oncologista espanhol Joan Massagué identificou três genes que têm influência direta na metástase do câncer de mama ao cérebro, o que poderia ajudar a achar formas de impedir essa propagação.
Os resultados da pesquisa dirigida por membros do Memorial Sloan-Kettering Center de Nova York foram divulgados nesta quarta no site da Nature, e só serão publicados na próxima edição da revista.
Os cientistas descobriram que os genes COX2 e HB-EGF, sobre os quais já tinha sido descoberto que têm implicação direta na mobilidade e capacidade de invasão das células cancerígenas, servem também de "intermediadores" no mecanismo de propagação do câncer do seio até o cérebro.
Além disso, perceberam que um terceiro gene, conhecido como ST6GALNAC5, é o que dá às células doentes de câncer de mama a capacidade de abandonar o sistema circulatório e inclusive atravessar a barreira hematoencefálica, a qual serve para impedir que muitas substâncias tóxicas alcancem o cérebro.
Para chegar a essas conclusões, a equipe usou diferentes aproximações paralelas, como isolar células tumorais com tendência a atacar o cérebro em pacientes com um avançado estágio da doença, fazer testes em ratos e estudar dados clínicos anteriores.
Os cientistas conseguiram identificar os três genes e perceberam que eram os responsáveis por que as células tumorais conseguissem chegar ao cérebro.
Eles repararam que o gene ST6GALNAC5, normalmente só ativado no tecido cerebral, provocava uma reação química que cria uma camada de proteção sobre as células do câncer de mama e permite atravessar a fronteira que separa o sangue do cérebro.
Isso significa que as células cancerígenas utilizam a proteção oferecida por esse gene específico do cérebro para se infiltrar.
Massagué explicou que a descoberta facilita "a possibilidade de utilizar remédios para interromper a interação" entre os três genes, mas esclareceu que ainda é preciso estudar mais o papel desses nas metástases cerebrais e "seu interesse como objetivos terapêuticos".
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