É possível eliminar totalmente do processo produtivo um gás com elevadíssimo potencial de aquecimento global, sem aumentar emissões diretas de outros gases, poluentes ou não?. Dois projetos da Fosfértil, a principal produtora brasileira de matérias-primas fosfatadas e nitrogenadas para a indústria de fertilizantes mostram que sim.
A empresa, com unidades de produção em Araucária (Paraná), Cubatão (São Paulo), e Uberaba (Minas Gerais) e minas em Catalão (Goiás), Tapira e Patos de Minas (Minas Gerais), instalou equipamentos (catalisadores) capazes de eliminar o óxido nitroso (N2O), um subproduto da manufatura de ácido nítrico, formado durante a oxidação catalítica da amônia. O N2O tem potencial de aquecimento global 310 vezes superior ao dióxido de carbono (CO2), ou seja, uma única tonelada de óxido nitroso é capaz de provocar o mesmo efeito estufa de 310 toneladas de gás carbônico.
Com essa decisão, a empresa deve evitar a emissão, de agora até 2015, de 1,97 milhão de toneladas de gás carbônico, informa o gerente-executivo de tecnologia e empreendimento da Fosfértil, José Renato Nedochetko. Utilizando um catalisador apropriado, é possível converter até 98% (normalmente, o valor é de 92 a 96%) da amônia em óxido nítrico (NO). O restante participa de reações colaterais indesejáveis que levam à produção do óxido nitroso e de outros compostos.
"O N2O residual que provêm da produção de ácido nítrico é normalmente liberado na atmosfera, por não ter qualquer valor econômico ou toxicidade em níveis normais de emissões e nem ser controlado ou regulado. Por isso, a decisão de evitar sua emissão demonstra que a Fosfértil foi sensível à questão ambiental, especialmente no que se refere às mudanças climáticas", observa.
Nedochetko informa que o projeto agrega outras vantagens como a recuperação do gás carbônico emitido pela queima de combustível no processo produtivo da, que é vendido para fabricantes de refrigerantes, além do treinamento de mão-de-obra para operar os novos equipamentos, com uma visão voltada para a preservação do meio ambiente.
O projeto adotado pela empresa é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), que é parte do Protocolo de Kyoto. O MDL dá direito aos chamados créditos de carbono, que são vendidos pelos países emergentes para os países ricos obrigados a reduzir suas emissões de gases estufa. Pela cotação atual, em torno de 19 euros, o projeto renderia à Fosfértil cerca de R$ 16 milhões por ano. Mas a empresa não definiu ainda como e quando serão negociados os créditos. Segundo Nedochetko, além de garantir os investimentos no projeto, será possível aplicar recursos em projetos ambientais nas comunidades em que a empresa atua.
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