sexta-feira, 27 de março de 2009

Plástico verde para conter o efeito estufa


Uma iniciativa pioneira no Brasil começa a usar a cana-de-açúcar para produzir plástico em escala industrial. Diferentemente do convencional, fabricado normalmente a partir de combustíveis fósseis, o plástico ecologicamente correto é produzido a partir do etanol, fonte renovável de energia e com tecnologia desenvolvida no Brasil. A Braskem, gigante do ramo petroquímico, produzirá a novidade em larga escala no Polo de Triunfo, Rio Grande do Sul.

As empresas que quiserem usar a alternativa ecologicamente correta em seus produtos vão ter de esperar até setembro de 2010, quando deve começar a produção de 200 mil toneladas de polietileno verde por ano. A Braskem investirá aproximadamente R$ 500 milhões na fabricação do produto, que deverá corresponder a 10% da produção total de plástico da companhia. Segundo Luiz Antonio Nitscke, responsável pelo projeto PE Verde, a empresa realiza pesquisas tecnológicas e de mercado desde 2005 e verificou uma demanda internacional por 600 mil toneladas e plástico verde ao ano – ainda uma pequena fração da produção mundial do polietileno, que já chega a 70 milhões de toneladas.

“Realizamos testes entre 2006 e 2007 e também fizemos todo o detalhamento do projeto. Nosso Conselho de Administração aprovou o início das obras, o que inclui a compra de máquinas de altíssima geração e fechamento de contratos”, afirma Nitscke. Segundo ele, a escolha pelo etanol se deu pelos anos de expertise do Brasil na produção do álcool e pela alta competitividade da matéria-prima. “O custo de produção em relação à petroquímica é bastante competitivo. E temos de pensar no valor agregado desse produto, que tem baixíssimo impacto sobre o meio ambiente”, completa. A Braskem ainda não diz o custo final do produto, mas estima que fique apenas “um pouco acima” do custo do plástico tradicional.

De acordo com um estudo da Braskem, em conjunto com a Unicamp, para cada quilo fabricado do produto foram retirados 2,5 quilos de gás carbônico da atmosfera. Isso ocorre pela diferença entre o CO2 que é emitido na produção do plástico e o gás carbônico que é absorvido, em quantidade maior, na fotossíntese da cana. O uso dessa tecnologia verde pode colaborar para a redução do efeito estufa e ajudar a combater o aquecimento global, afirma a companhia. Apesar da nova empreitada, a empresa não pretende diminuir sua atuação nos derivados de petróleo nos próximos anos.

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