segunda-feira, 2 de março de 2009

Casal desvia R$ 10,5 mi de empresa francesa em quatro anos

Uma assistente financeira é acusada de desviar 3,5 milhões de euros (R$ 10,5 milhões) da companhia em que trabalhava, na França. Durante quatro anos, Laurence, 42 anos, forjou comandas de pedidos dos fornecedores habituais da empresa, falsas notas de entrega das mercadorias e verdadeiras notas fiscais pela transação, possibilitando que ela embolsasse 80% do dinheiro comercializado e, ao final dos anos, acumulasse a quantia multimilionária.

A fraude de Laurence e seu namorado, Pascal, 49 anos, foi descoberta no final do ano passado, quando foi trocado o sistema de transações comerciais na empresa na qual ela trabalhava há 15 anos, a Cryospace - que fabrica componentes dos foguetes Ariane.

A suspeita sobre o verdadeiro destino de grandes montantes de dinheiro em compras que jamais chegaram aos armazéns da fábrica se acentuaram, e a assistente financeira acabou confessando o esquema. Ela e o companheiro estão presos enquanto aguardam o final do processo. Os bens e as contas bancárias deles foram confiscados.

Não se pode dizer que o casal não aproveitou bem o dinheiro enquanto a suposta fraude passava despercebida pela companhia. Nas férias, os destinos eram os lugares exóticos - onde se hospedavam nos hotéis mais luxuosos. Para passear nos finais de semana, nada melhor do que um Jaguar, para ela, e uma Ferrari, no caso dele. Já no dia-a-dia, o casal alternava entre duas BMWs (X3 e X5) e um Audi A4 para circular nas ruas de Mureaux, cidade do norte francês onde moravam.

Além disso, os dois começaram construir uma mansão, inacabada porque a fraude veio à tona antes do final das obras. A compra de um barco, negociada por ele, também teve de parar no meio do caminho.

Laurence e Pascal ainda deram um apartamento e um veículo Mini Cooper para a filha dela e, no Natal de 2007, chegaram a convidar 23 amigos e familiares para uma estadia em um resort na República Dominicana, com todas as despesas pagas por eles. Em outras ocasiões, chamavam casais de amigos, e seus filhos, para alguns dias nas Ilhas Seychelles ou nas Ilhas Maurício.

"Eu via que a nossa vida tinha mudado bastante, mas jamais imaginei que pudesse ter sido em decorrência de uma falcatrua", afirma a filha de Laurence, Céline, 21 anos. "Eles diziam que o dinheiro era fruto de uma nova sociedade, mas ninguém na família nunca teve sociedade. É um meio totalmente desconhecido para nós", declara a jovem, que garante jamais ter sido informada sobre o golpe montado pela mãe.

Agora, a estratégia do advogado de Laurence, Yves Beddock, é de provar à Justiça que Laurence agia sob influência e pressão de Pascal. Em janeiro, ela escreveu de próprio punho uma carta para os juízes que julgam o caso na qual explica suas razões para ter fraudado a empresa durante quatro anos.

"(Pascal) é um homem que amei cegamente, um amor doloroso. Tudo mudou na minha vida quando a violência começou e nunca mais parou", relata a mulher, na carta publicada pelo jornal Le Parisien. "Eu comecei a fazer isso por sugestão dele e porque pensava que ele pararia de beber e de ser violento comigo", afirma.

Pascal, por sua vez, nega ter tido a idéia da fraude, culpa a mulher por todo o esquema de desvio e diz que "só se interessava no dinheiro". O comerciante, que já teria antecedentes de fraude ao sistema social francês, afirmou ao jornal que não se arrepende de nada.

"A vida deles era uma guerra constante. Por diversas vezes levei a minha mãe no hospital porque ele tinha batido nela", afima Céline. "Ela deixou tudo para ficar com ele, era um amor doentio."

O advogado de Laurence contou, por telefone, que sua cliente tentou suicídio na prisão no início deste mês. "Ela começa a se dar conta das bobagens que fez por esse amor cego que nutria pelo companheiro. Está internada na unidade psiquiátrica da penitenciária", declarou Beddock.

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