sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cuba e EUA preparam retomada de discussões migratórias

Cuba e Estados Unidos preparam o terreno para a retomada das suas conversações migratórias, disse na quinta-feira um funcionário da ilha, enquanto autoridades interceptaram um grupo de balseiros à deriva diante da missão diplomática de Washington em Havana.

As conversações, interrompidas em 2003 pelo governo do presidente George W. Bush, visam a regulamentar o fluxo de cubanos em direção aos EUA e evitar saídas ilegais, como a frustrada na quinta-feira.

"Sei que ambas as partes estão em contato (...), é preciso ajustar agendas e muitos outros detalhes para poder ter esse tipo de reunião", disse o presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, a jornalistas.

O governo de Barack Obama disse em 22 de maio que havia oferecido a retomada do diálogo sobre questões migratórias com Havana. Washington afirmou no fim de semana que Cuba havia aceitado a oferta e queria discutir também outros temas, como o reinício dos serviços postais entre os dois países.

Dezenas de milhares de cubanos já tentaram cruzar os 145 quilômetros do estreito da Flórida em precárias embarcações ou mesmo em câmaras de pneus. O maior fluxo ocorreu no começo da década de 1990, quando Cuba viveu uma grave crise econômica por causa do fim da ajuda soviética, e cerca de 30 mil pessoas se lançaram ao mar.

Em 1995, os EUA estabeleceram uma quota anual de 20 mil vistos anuais para cubanos, e Cuba se comprometeu a coibir o êxodo clandestino.

Embora as estatísticas sugiram uma forte diminuição da migração desde então, cenas como as de quinta-feira, quando sete homens foram detidos em uma embarcação de madeira junto ao Malecón (avenida marítima de Havana), mostram que o fenômeno continua.

"Queríamos ir para os Estados Unidos, porque não aguento mais aqui. O timão quebrou e tivemos que voltar", disse a jornalistas o balseiro Margois Diaz, 33 anos, enquanto era colocado em um carro da polícia.

A polícia disse que eles provavelmente zarparam da costa norte da ilha e passaram algum tempo à deriva. Eles pareciam queimados de sol e exaustos.

Cuba acusa os EUA de fomentarem a imigração ilegal, ao garantirem asilo aos cubanos que conseguirem colocar um pé em terra firme.

Nos últimos anos, cresceu a migração por meio de lanchas rápidas em direção ao México, de onde os cubanos se deslocam para os EUA. Traficantes cobram até US$ 10 mil por pessoa nessa operação.

Alarcón disse que Cuba tentou desde 2001 incluir o tráfico humano em suas discussões com os EUA, mas que na época do rompimento do processo, em 2003, Washington ainda não havia respondido.

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