quarta-feira, 20 de maio de 2009
Sadia e Perdigão unem-se a gigantes formadas em fusões
Após consolidarem liderança no mercado nacional, as empresas brasileiras tentam conquistar espaço de destaque no cenário mundial. A união entre duas companhias de grande porte do País tem sido caminho adotado nos últimos anos. Ambev, Itaú Unibanco e BM&F Bovespa são exemplos disso. Nesta terça-feira, Sadia e Perdigão se uniram ao grupo, formando uma potência global em carne processada com faturamento anual superior a R$ 20 bilhões.
A Perdigão e a Sadia confirmaram a união das duas empresas em uma nova companhia chamada Brasil Foods S.A. (BRF) que se tornará a maior produtora e exportadora mundial de carne de frango, uma das principais processadoras de carne de porco e a maior abastecedora no País de alimentos industrializados. Juntas as empresas serão responsáveis por quase 25% do mercado exportador global de aves.
Além disso, a nova empresa nasce como a terceira maior exportadora brasileira, com vendas anuais no valor de cerca de R$ 22 bilhões, 119 mil funcionários e 42 fábricas. A nova companhia deverá realizar uma oferta pública de ações para levantar valor estimado de R$ 4 bilhões, segundo comunicado ao mercado. Os acionistas da Sadia terão 32% de participação na nova empresa, enquanto que os acionistas da Perdigão terão 68%.
Players internacionais
Entre essas quatro fusões, a precursora foi a Ambev, que há dez anos anunciou a união que a tornaria a maior indústria privada de bens de consumo do Brasil e a maior cervejaria da América Latina.
A companhia foi criada em 1º de julho de 1999, com a associação das cervejarias Brahma e Antarctica. A fusão foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 30 de março de 2000.
Presente em 14 países, a Ambev deu um passo adiante. A aliança firmada com a InBev, em 3 de março de 2004, fez com que a empresa passasse a ter operações na América do Norte e se tornar uma das líderes mundiais.
Em março de 2008 foi a vez da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) Holding e da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) anunciarem integração das atividades, para criar a terceira maior bolsa em valor de mercado do mundo e a maior nos mercados de ações e derivativos da América Latina.
A fusão que criou a BM&F Bovespa foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, em julho do mesmo ano.
Já os bancos Itaú e Unibanco decidiram se unir em novembro do ano passado, resultando um total de ativos combinado de cerca de R$ 575 bilhões, tornando-se o maior banco do hemisfério sul e um dos 20 maiores do mundo. O último passo da criação do Itaú Unibanco foi unificar suas ações negociadas em bolsa no pregão em março deste ano.
Brasil Foods
A união de Sadia Perdigão já esteve perto de ocorrer outras vezes no passado. As conversas começaram há dez anos e as duas chegaram a trabalhar juntas em 2002 na Brazilian Foods, uma associação para as vendas no mercado externo que não vingou. Em 2005, a Sadia, então maior, lançou oferta hostil pela Perdigão, que a rejeitou.
Desde então, a Perdigão se expandiu, comprou concorrentes menores e avançou em lácteos, com a incorporação da Eleva e da Batavo, diversificando negócios e ganhando tamanho. A possibilidade de associação ganhou força a partir dos graves problemas financeiros da Sadia, que perdeu bilhões em operações com derivativos cambiais depois que a crise econômica global mudou a direção da moeda brasileira no ano passado.
"Começamos a conversar sobre uma união há 10 anos, mas vocês têm que imaginar que uma associação desse porte é difícil e tem muitos aspectos a serem discutidos", afirmou Nildemar Secches, presidente do conselho da Perdigão e agora co-presidente do conselho da Brasil Foods, ao lado de Luiz Fernando Furlan, da Sadia.
"Fizemos as primeiras conversas no final de 2008 e o negócio evoluiu. São empresas do mesmo porte, grandes para o padrão brasileiro, que querem preservar o que cada uma tem de melhor. É uma empresa que já nasce grande", completou.
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