O Federal Reserve (FED, banco central americano) e o Tesouro dos Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira que dez dos 19 bancos do país que foram submetidos ao "teste de estresse" precisarão captar US$ 74,6 bilhões em recursos próprios para sobreviver à crise financeira mundial.
Segundo os resultados do teste de estresse, o montante seria necessário para medir a capacidade de resistência a uma nova degradação da conjuntura.
Bank of America, o maior banco americano em ativos, deverá captar quase a metade deste valor (US$ 33,9 bilhões), anunciaram o Tesouro e o FED.
Wells Fargo deverá captar US$ 13,7 bilhões; a empresa de financiamento automobilístico GMAC, US$ 11,5 blhões;, o Citigroup, US$ 5,5 bilhões; e o banco de investimentos Morgan Stanley, US$ 1,8 bilhões, destaca o comunicado.
Nove dos 19 bancos submetidos ao "teste de estresse" não precisarão captar fundos, incluindo o JPMorgan Chase, o emissor dos cartões de crédito American Express, o banco de investimentos Goldman Sachs e a seguradora MetLife.
Esses cálculos são fruto de dois meses e meio de análises dos balanços bancários, um processo conhecido como "prova de resistência", através do qual o governo americano quer restaurar a confiança no setor financeiro do país.
Os órgãos reguladores americanos insistiram em que a saúde do sistema bancário é um requisito imprescindível para a recuperação econômica dos Estados Unidos. O governo americano insistiu em que não permitirá que nenhum dos bancos participantes do processo declare falência.
As entidades bancárias que precisam de mais capital terão até 8 de junho para desenvolver um plano de ação que deverá ser aprovado posteriormente pelas autoridades.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse em entrevista coletiva que o importante das "provas de resistência" é a transparência que jogam sobre o estado do sistema bancário.
"Acho que isso tornará possível que flua mais dinheiro em direção ao sistema financeiro, fará com que seja mais fácil arrecadar mais capital de fontes privadas", ressaltou Geithner.
Ele acrescentou que também será mais fácil para os bancos cancelar a dívida que contraíram com o governo."Acho que produzirá um sistema bancário mais eficiente e forte", ressaltou o secretário de Tesouro.
A administração do presidente dos EUA, Barack Obama, espera que os bancos levantem capital com fontes privadas, embora o chairman do FED, Ben Bernanke, tenha dito que o governo está preparado para ajudar as instituições se for necessário.
"Nosso governo, através do Departamento do Tesouro, estará pronto para oferecer qualquer capital adicional se necessário para garantir que nosso sistema bancário seja capaz de caminhar em uma reviravolta econômica desafiadora", disse Bernanke em comunicado.
O time de Obama parece ter gerenciado bem as expectativas, deixando o mercado saber da pior notícia relacionada aos testes do estresse dois dias atrás, sobre a necessidade de cerca de US$ 34 bilhões do Bank of America.
A Associação dos Banqueiros dos EUA criticou a severidade dos testes de estresse e disse que não há evidências de que os bancos precisem reforçar sua estrutura de capital. Segundo a entidade, os resultados podem terminar em "especulações danosas" aos bancos.
Alguns analistas e investidores questionaram a credibilidade dos testes. "Na melhor das hipóteses, o processo pode ter sido uma perda de tempo. Na pior, é algo que tem causado mais confusão", disse o chairman da empresa de investimentos Holland & Co, Mike Holland, falando antes que os resultados oficiais dos testes fossem divulgados. Não está claro, por exemplo, como bancos precisarão levantar mais capital, disse ele.
Os bancos podem cobrir qualquer déficit de capital por um misto de venda de ativos, oferta de ações e, talvez, pela conversão de ações preferenciais em ordinárias. Reguladores têm colocado ênfase na existência de ações ordinárias na composição do capital, no lugar de preferenciais.
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