O mundo produz por ano 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, 40% desse total na forma de eletrodomésticos. O Brasil fabrica anualmente 10 milhões de computadores, 15 bilhões de caixas longa vida, 18 bilhões de embalagens PET e quase nada é reciclado. Somente celulares e suas baterias altamente agressivas ao meio ambiente são hoje 150 milhões nas mãos dos brasileiros e mais 80 milhões entram no mercado a cada ano. Mas somente 2% deixam de ser descartadas de forma incorreta: 98% são despejados na natureza. Como resolver?
O nome é complicado, mas pode ser a solução para grande parte desse problema: logística reversa, que pode significar, entre outros processos, como o produto pode retornar ao fabricante para ser reaproveitado ou para algum participante de toda a cadeia produtiva. O professor Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), autor do livro Logística Reversa ¿ Meio Ambiente e Competitividade, afirma que dois fatores podem ser determinantes para a mudança desse comportamento: o interesse econômico ou um fator modificador de mercado, como uma lei que determine procedimentos.
Como exemplo de fato modificador, Leite cita a produção de pneus no País. Os fabricantes só podem produzir um novo se tiverem em mãos a certificação de reciclagem de um usado. Ou ainda o uso de defensivos agrícolas, que obriga o recolhimento das embalagens. Como fator econômico pode ser citada a reciclagem de alumínio e outros metais mais nobres, como cobre.
"A manufatura reversa é responsável pelo retorno desses materiais para destinação adequada e preservação da marca. A reciclagem acontece com a desmontagem dos materiais e separação dos componentes para tratamento e reaproveitamento como matéria-prima em outros processos industriais", informa.
Nos Estados Unidos, o retorno de produtos do mercado movimenta U$ 750 bilhões por ano, seja por questões legais, pela redução de custos, pela fidelização de clientes por meio de assistência técnica ou desistência de compras, pela preservação do meio ambiente, entre outros objetivos.
No Brasil, esse número ainda não está disponível, mas o CLRB trabalha para desenvolver o setor. O conselho vai reunir empresas de diversos setores, como Correios, TGestiona, Oxil, HP, Estre Ambiental, Silcon Ambiental e Rapidão Cometa no dia 13 de maio, no Fórum Internacional de Logística Reversa, no Bourbon Convention Ibirapuera, em São Paulo.
O debate, de acordo com o professor, é especialmente oportuno agora que o Brasil vem incentivando a troca de produtos por outros mais modernos e menos agressivos ao meio ambiente. Com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) as vendas no varejo cresceram entre 20% e 25%. O que o consumidor deve fazer com os equipamentos antigos? Geladeiras, fogões e máquinas de lavar não podem ser descartados no lixo comum, pois são potenciais poluentes, além de contribuírem para enchentes, se forem parar em rios e córregos.
O governo anunciou ainda que financiará por ano a troca de 150 mil geladeiras velhas com gás CFC, que destrói a camada de ozônio. Segundo pesquisa da Nielsen, somente no ano passado 972 mil refrigeradores foram vendidos no Brasil.
Segundo o professor, a visibilidade da logística reversa tem se acentuado nos últimos anos em todo mundo e no Brasil em função da enorme quantidade e variedade de produtos, com ciclos de vida cada vez mais curtos, que vão para o mercado visando satisfazer os diversos segmentos. "Além da questão sustentável, com o retorno de itens já consumidos, a logística reversa atende à crescente necessidade de retorno de produtos ainda não consumidos (pós-venda)", explica.
A Oxil, por exemplo, empresa que trabalha com manufatura reversa para a destinação ou reutilização dos resíduos gerados pelos processos produtivos e por produtos obsoletos ou inadequados ao consumo, desenvolve projetos na área de linha branca. A coleta das geladeiras fica a cargo de parceiros e a Oxil é responsável pela separação do material para reciclagem.
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