À primeira vista, a última estratégia de combate ao crime de Chicago parece ter saído de um filme de Hollywood. Alguém vê um ladrão surrupiando as doações para o Exército da Salvação no meio de uma multidão de compradores na State Street e liga para o 911 de seu celular. Em alguns segundos, uma imagem de vídeo do local da denúncia aparece na tela de computador do atendente. Um policial chega e através do rádio é levado ao suspeito, cuja descrição e localização precisas são dadas pelo atendente que assiste ao vídeo, resultando em uma prisão rápida.
Essa cadeia de eventos aconteceu de verdade no Loop em dezembro, disse Ray Orozco, diretor executivo do Escritório de Gerenciamento de Emergências e Comunicações de Chicago.
"Agora podemos imediatamente ver a cena do crime se a pessoa que ligou para o 911 estiver a 45 metros ou menos de uma das câmeras de vigilância, mesmo antes dos primeiros policiais chegarem," Orozco disse.
A tecnologia, um sistema de ocorrências computadorizado, foi paga com uma verba de US$ 6 milhões do Departamento de Segurança Interna dos EUA. Ela tem sido usada desde dezembro, quando começou em versão de teste. "Uma das melhores ferramentas de qualquer cidade grande são indicadores visuais como câmeras, que podem ajudar a salvar vidas," Orozco disse.
Segundo Orozco, além da rede de câmeras da cidade, o novo sistema também pode se conectar às câmeras de locais privados como atrações turísticas, edifícios de escritórios e campi universitários.
De acordo com a porta-voz de Orozco, 20 empresas privadas concordaram em participar do programa e outras 17 deverão se juntar em breve. Por razões de segurança, a administração da cidade não quis divulgar quantas câmeras faziam parte do sistema.
O prefeito Richard M. Daley disse nesta semana que a rede de câmeras integradas aumentaria a segurança regional e também combateria o crime nas ruas.
Mesmo assim, aqueles que se opõem ao uso das câmeras de vigilância pública de Daley descreveram o novo sistema como um potencial Grande Irmão de invasão de privacidade.
"Se ligarem para o 911 relatando que deixaram uma mochila na calçada e a imagem da câmera mostrar alguém que se parece com um descendente de árabe ou sul-asiático, a polícia irá vê-lo como suspeito?" perguntou Ed Yohnka do American Civil Liberties Union de Illinois.
"Parece haver uma enorme vontade da parte da cidade em ligar as câmeras ao sistema 911," Yohnka disse. "Mas não existem estatísticas longitudinais que comprovem que as câmeras de vigilância reduzem o crime. Elas apenas deslocam o crime."
Alguns especialistas, incluindo Albert Alschuler, professor de Direito da Universidade Northwestern, dizem que as câmeras de vigilância e o sistema 911 atualizado não violam direitos de privacidade porque as câmeras estão instaladas em lugares públicos.
"Na América, protestamos contra o uso de câmeras para coisas como o policiamento que reduz o crime ou acidentes de tráfego, quando provavelmente deveríamos usar mais isso," Alschuler disse.
Ele acrescentou: "minha grande preocupação é se eles começarem a usar novas tecnologias de áudio, que podem ser ajustadas para alertar a polícia de barulhos altos, como um grito ou uma batida de carro. O que me aflige é se a polícia usar a tecnologia para ouvir qualquer um que esteja conversando em um lugar público, o que poderia gerar sérias preocupações sobre privacidade."
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