Mohamed Khouidmi, cirurgião argelino que trabalhou no hospital de Shifa, o maior de Gaza, durante o ataque de Israel contra a Faixa, afirmou que o Exército israelense usou urânio nos bombardeios à região.
Khouidmi acaba de voltar à Argélia, após atuar como responsável de emergência em Shifa. Em entrevista ao jornal argelino Liberté, ele assegurou que foi possível ver nos ferimentos de várias pessoas sequelas provocadas pelo urânio.
"O Exército israelense usou mísseis antipessoais que explodiam cerca de 50 cm da superfície, o que provoca a amputação dos membros inferiores das pessoas que estão no perímetro da deflagração", afirmou o médico.
O especialista explicou que os feridos por esses mísseis, após horas de intervenção cirúrgica no hospital e, uma vez realizada a amputação e fechada a ferida, eram internados no serviço de reanimação.
"Depois de duas ou três horas, a ferida voltava a abrir-se e a hemorragia matava o paciente", disse Khouidmi, que explicou que isto aconteceu em algumas ocasiões no hospital e que os especialistas concluíram que havia presença de urânio nos mísseis israelenses.
O cirurgião argelino afirmou que o que viu em Gaza foi "pior" que o que encontrou no Iraque ou no sul do Líbano, aonde também foi como voluntário médico.
"O que eu constatei em Gaza era estranho, nada a ver com o que pude ver em outros conflitos", explicou.
Além disso, ressaltou que os corpos que examinou no depósito tinham "os intestinos queimados e exalavam um cheiro de alho", por isso disse não ter "nenhuma dúvida" de que o Exército israelense também utilizou fósforo branco em seus ataques.
Khouidmi explicou que ele e outros especialistas que trabalharam em Gaza elaboraram um relatório com exames detalhados e o enviaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Eles pedem à organização o envio de uma comissão de investigação neutra sobre a utilização de armas proibidas por parte de Israel, "especialmente o urânio".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário