O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem que o consumo de etanol no mundo vai crescer, mas ele não ganhará a mesma escala alcançada nacionalmente. "O biocombustível brasileiro poderá ser usado no exterior como oxidante, numa mistura de 5% na gasolina. Essa mistura não exige qualquer alteração nos motores já existentes ou investimentos na ponta da distribuição", explicou, ao se referir a um estudo encomendado pela empresa sobre a evolução do mercado de combustíveis até 2020. De acordo com dirigente, a mistura de etanol de 5% a 25% na gasolina já requer mudanças importantes e, acima disso, alterações estruturais. Ele adiantou que em breve o etanol brasileiro estará sendo vendido no Japão.
Gabrielli fez as afirmações durante a plenária Biocombustíveis no contexto global, realizada durante o Ethanol Summit 2009, em São Paulo. O evento, mediado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, contou com a participação do diretor da BP no Reino Unido, Lorde John Browne, do subsecretário da Agricultura dos Estados Unidos, Dallas Tonsanger, e do presidente do SustainAbility, John Elkington.
Gasolina - De acordo com o presidente da Petrobrás, o mesmo estudo aconselha a estatal a não mais produzir gasolina para o mercado nacional. "No Brasil, o combustível alternativo será a gasolina. A previsão é a de que ela venha a representar 17% do consumo dos veículos leves", afirmou. "Portanto, não adianta produzir gasolina. Nós não vamos refinar gasolina no País. Vamos trabalhar com diesel, gás e etanol."
Gabrielli entende que o novo papel do biocombustível impõe aos produtores nacionais a separação entre a lógica da produção do açúcar e a do etanol. Ele prevê novos marcos regulatórios para o biocombustível. A Petrobras deverá investir nos próximos cinco anos US$ 2,8 bilhões em biocombustíveis. "Estamos avançando também em novas tecnologias, como a produção de etanol de lignocelulose", disse. "As limitações que temos dizem respeito ao fornecimento de enzimas. A fonte natural só é encontrada no intestino de cupins", brincou.
O dirigente lembrou que o Brasil é o único País do mundo que tem disponibilidade de um combustível, o etanol, e oferece ao consumidor a decisão sobre o consumo. Gabrielli criticou as barreias comerciais impostas por alguns países, como Estados Unidos, ao etanol e disse que as fontes alternativas, como carros híbridos ou elétricos, ainda apresentam severos problemas tecnológicos e a solução ainda demandará muito tempo.
Empresas verdes - John Browne afirmou que há consenso no Reino Unido sobre a construção de novas empresas verdes. Disse que o etanol brasileiro é um bom exemplo do que é possível fazer quando empresas e governos trabalham juntos. Browne acredita que o preço do petróleo não deve enfraquecer e as mudanças climáticas vão continuar a impulsionar a pesquisa dos biocombustíveis.
O representante do SustainAbility, John Elkington, não acredita no desenvolvimento dos biocombuisítvies como alternativa aos combustíveis fósseis. "Antes que essa tecnolgioa seja aperfeiçada, talvez, nos próximos 25 anos, o etanol possa ter um local ao sol. O etanol me parece um produto do século 20." Ele argumentou que é preciso ter cuidado com declarações gerais sobre biocombustívies. ¿Quando fui à Indonésia, eu estava numa cidade envolvida por uma nuvem, resultado da queima de florestas para o plantio de óleo de Palma." Já o representante norte-americano, Dallas Tonsager, lembrou sua origem de homem ligado à terra, para defender a manutenção dos subsídios e das barreiras ao etanol brasileiro.
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