terça-feira, 28 de abril de 2009

Nova tecnologia pode colocar 100 DVDs em um único disco

A General Electric anunciou ter obtido um grande avanço na tecnologia de armazenagem digital de informações, que permitirá que discos de tamanho padronizado abriguem conteúdo equivalente ao de 100 atuais DVDs.

Por enquanto, o avanço na tecnologia de armazenagem que a GE está anunciando funciona apenas em laboratório. Será preciso adaptar a nova tecnologia ao uso em produtos que possam ser produzidos em massa e vendidos a preços acessíveis.

Mas os especialistas em sistemas de armazenagem óptica e analistas setoriais que foram informados sobre o desdobramento afirmam que o método promete ser um grande passo adiante na armazenagem digital, e que ele oferece ampla gama de usos potenciais nos mercados comercial, científico e ao consumidor.

"Podemos estar diante da próxima geração de sistemas de armazenagem de baixo custo", disse Richard Doherty, analista da Envisioneering, uma empresa de pesquisa sobre tecnologia.

O trabalho promissor realizado pelos pesquisadores da GE envolve o campo da armazenagem holográfica. A holografia é um processo óptico que não só permite armazenar imagens tridimensionais, como as que existem em muitos cartões de crédito para propósitos de segurança, como também os zeros e uns que servem como unidades básicas de informação digital.

Os dados ficam codificados em padrões de luz armazenados em um material sensível à luz. Os hologramas funcionam como espelhos microscópicos que refratam os padrões luminosos quando um feixe de luz laser os atinge, e assim os dados armazenados em cada holograma podem ser recuperados e decodificados.

A armazenagem holográfica tem a capacidade de condensar dados de maneira muito mais concentrada do que a tecnologia óptica convencional, usada nos DVDs e nos discos Blu-ray, mais recentes e de capacidade ampliada. Nesses produtos, os dados são armazenados em um padrão de marcas gravadas a laser distribuídas pela superfície do disco.

Até o momento, a armazenagem holográfica não era vista como um caminho de pesquisa que poderia vir a encontrar uso amplo. Mas o trabalho da GE pode representar o passo pioneiro para isso, de acordo com analistas e especialistas. Os pesquisadores da GE utilizaram uma abordagem diferente da que havia sido utilizada em esforços anteriores. Ela depende de hologramas menores e menos complexos - uma nova técnica conhecida como armazenagem micro-holográfica.

Um desafio crucial para a equipe, que está trabalhando no projeto desde 2003, era o de encontrar materiais e técnicas que permitissem que os hologramas menores refletissem luz suficiente para que seus padrões de dados pudessem ser detectados e recuperados.

Os recentes avanços da equipe, que trabalha no laboratório da GE em Niskayuna, Nova York, ao norte de Albany, representam aumento de 200 vezes no poder de reflexão dos hologramas, o que os coloca ao alcance das frequências luminosas hoje legíveis por aparelhos de Blu-ray.

"Estamos perto do necessário", disse Brian Lawrence, o cientista que comanda o programa de armazenagem holográfica da GE. "Nós já atravessamos a barreira da legibilidade".

Na abordagem desenvolvida pela GE, os hologramas ficam dispersos por um disco em formato semelhante ao dos atuais CDs, DVDs convencionais e discos Blu-ray. Com isso, um aparelho capaz de ler os discos de armazenagem micro-holográfica também seria capaz de ler CDs, DVDs e discos Blu-ray. Mas os discos holográficos, com a tecnologia que a GE desenvolveu, poderiam armazenar até 500 gigabytes de dados. Os discos Blu-ray armazenam 25 ou 50 gigabytes, e um DVD comum apenas cinco gigabytes.

"Caso isso realmente possa ser colocado em prática, o trabalho da GE promete oferecer imensa vantagem na comercialização da tecnologia de armazenagem holográfica", disse Bert Hesselink, professor da Universidade Stanford e especialista nesse campo de pesquisa.

A equipe da GE planeja apresentar seus dados de pesquisa e resultados de laboratório em uma conferência sobre armazenagem óptica de dados em Orlando, Flórida, no mês que vem.

No entanto, dizem os analistas, a viabilidade prática da tecnologia da GE ainda não foi provada, e pouco se sabe sobre os aspectos econômicos envolvidos.

A empresa se concentrará inicialmente em vender a tecnologia em mercados comerciais, como estúdios de cinema, redes de televisão e centrais de pesquisa médica e hospitais, para armazenar imagens que requerem uso pesado de dados, como filmes de Hollywood e tomografias cerebrais. Mas vender a tecnologia a um mercado empresarial mais amplo e diretamente ao consumidor é a meta final.

Para tanto, a GE terá de trabalhar com parceiros a fim de licenciar sua tecnologia e seu conhecimento de armazenagem holográfica, e a empresa já está negociando com grandes fabricantes de eletrônicos e de sistemas de armazenagem, disse Bill Kernick, que comanda a divisão de vendas de tecnologia da GE. A pesquisa holográfica era inicialmente parte do trabalho da GE com plásticos, em uma divisão que a companhia vendeu dois anos atrás à Saudi Basic Industries, por US$ 11,6 bilhões.

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