sexta-feira, 24 de abril de 2009

Imobiliária espanhola paga divórcio para quem comprar casa

Uma corretora de imóveis da Espanha lançou uma promoção anticrise para quem quer se separar: a empresa paga os custos do divórcio de quem comprar um imóvel.

A promoção, lançada nesta semana pela corretora Geimsa, oferece um pacote de até 68 mil euros (aproximadamente R$ 200 mil), incluindo todos os trâmites legais do divórcio e o financiamento da casa.

Para este "pacote-divórcio", são oferecidos 30 imóveis (dos 321 disponíveis na agência) de três quartos e uma advogada que tratará das separações consensuais ou litigiosas pelo mesmo preço da propriedade.

"O objetivo dessa promoção é atingir um público potencial que está bloqueado por causa da crise. Há registros de queda do número de divórcios porque os separados se veem sem condições de assumir os gastos da separação e de uma nova casa", disse a diretora da Geimsa, Vanessa Contioso.

Desde que foi lançada, na segunda-feira, a oferta já atraiu três interessados. A ideia teve destaque na imprensa espanhola, mas não é a primeira para reaquecer o mercado imobiliário em tempos de crise.

A mesma corretora também criou uma promoção para quem quer casar. Nesta, o pacote inclui imóvel e gastos do casamento por 100,5 mil euros (cerca de R$ 300 mil). Em menos de duas semanas, esta oferta já atraiu 60 casais interessados.

Crise
A crise do setor imobiliário é considerado um dos principais problemas da economia espanhola.

Na última década, o país chegou a construir em média 850 mil imóveis por ano, mais do que Alemanha e França juntas. A construção civil foi responsável por 39,4% o PIB espanhol até o ano passado.

Com o agravamento da crise, as vendas de casas despencaram a níveis históricos: queda de 37,5% em imóveis novos e de 45,2% em usados em relação a 2008.

Analistas calculam que restam em torno de 1 milhão de imóveis novos à espera de compradores e que só serão absorvidos em um período de cinco anos.

"A crise imobiliária e a financeira estão intimamente relacionadas pelos problemas de liquidez e de confiança", afirmou Oriol Barrachina, diretor do escritório espanhol da consultoria especializada em mercado imobiliário Cushman & Wakefield.

"Para voltar ao normal, vai ser preciso tempo, porque ninguém vai comprar, construir ou investir até que o sistema financeiro se reequilibre", disse.

Outro fator negativo para o setor é o emprego. Segundo informe do banco Bilbao Viscaya, o ramo da construção civil deverá deixar 250 mil desempregados até o fim de 2009.

O FMI também tem previsões pessimistas para o país. O relatório Perspectivas Econômicas Mundiais, divulgado nesta quarta-feira, indicou que a Espanha só deverá sair da crise a partir de 2014.

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